sexta-feira, 9 de setembro de 2011

EM NOME DA CIDADANIA

TODO JOVEM MERECE UMA
EXISTÊNCIA DIGNA E CONSCIENTE

(Como ir à luta em busca de um futuro melhor)
ou
(Na encruzilhada das decisões)

Lane Valiengo

         Existem aqueles que passam a sua existência toda em vão, perguntando qual o sentido da vida sem ir em busca desse sentido. Existem aqueles que preferem ignorar qualquer sentido que possa existir. E existem ainda aqueles que despertam e pensam em dar um sentido verdadeiro à sua vida.
         Nada é assim tão fácil, o mundo não pode ser simplesmente definido como um antagonismo entre os bons e os maus. Ou os feios. Às vezes pode parecer que o tempo passou, Carolina permaneceu na janela e nem viu e as esperanças da sua juventude viraram pó, não vingaram, foram parar jogadas no fundo de um baú esquecido no sótão do seu cérebro. Os grandes escritores russos, especialmente Techkov e Dostoiewski, entenderam bem o drama humano que se esconde na alma de cada um. O ser ou não ser shakesperiano não é apenas um grande dilema literário, é a própria encruzilhada em que cada um de nós um dia se vê entre Deus e o Diabo na terra do sol e da garoa, dos grandes sonhos e das imensas corrupções em série.
         Os mistérios filosóficos sempre existirão, pensadores do tamanho de um Sartre sempre falaram da vida de forma fatalista, dolorosamente, revelando toda a nossa consistência duvidosa. A verdadeira graça, divina ou não, é apenas ser bom nas nossas ações ou é a de ter consciência de que viver uma vida banal e sem graça é uma questão de opção?
         Descartes hoje diria "penso, logo sofro"? A sua dúvida seria a de saber por qual razão afinal somos assim, por que nos tornamos aquilo que somos de fato, sem máscaras sociais ou fingimentos?
         Dá até vontade de imitar Rilke e escrever uma "carta aos jovens cidadãos".
         Falar aos jovens que logo serão adultos parece ser a saída mais importante que temos.
         A questão fundamental é que sempre acontece um momento decisivo na vida, no qual temos que decidir quem seremos nós, que tipo de pessoa seremos, que comportamento teremos, a que valores seremos fiéis. É óbvio que fatores sociais sempre terão lá a sua influência. Mas a pequena fração de livre arbítrio que ainda conservamos é para ser usada na tomada de decisões deste tipo. Muitas vezes a pessoa ainda jovem não tem consciência do momento e da sua importância vital para todo o restante dos nossos dias. O sistema de dominação que impera no mundo faz de tudo para incentivar a alienação, uma forma bastante eficaz de dominação, de escravidão mental. Mas muitos – felizmente! – conseguem escapar desses labirintos.
                   Existem muitas verdades a respeito de cada fato e ninguém é dono delas, por mais que tentem comprá-las (pagando pouco, é claro...). Mas em nome de um possível despertar de consciências, em nome de uma vida mais digna e mais coerente, em nome da solidariedade coletiva que toda sociedade deve cultivar, em nome de avanço social e do crescimento individual, vamos colocar na mesa e no sofá algumas propostas. Aproveita quem quer, usa quem puder ou desejar...
                   O livro sagrado das advertências virtuais existe desde que apareceram os primeiros jovens no universo. Ele trata de coisas fundamentais com não jogue a sua vida fora, faça algo de útil da sua vida, construa a sua personalidade, pense no seu futuro, planeje o seu futuro, não perca tempo com uma vida vazia e muito mais.
                   A advertência que podemos fazer é que não se trata de nenhum livro de autoajuda, estamos falando de decisões a serem tomadas no outono da existência.
                   Acontece que ao se aproximar da maioridade legal – e, em consequência, da responsabilidade civil –, todo jovem deve estar preparado para assumir responsabilidades. Isso é inevitável. A idade apresenta possibilidades interessantes e transformadoras, como ter autorização para dirigir, para casar, para ser votado (votar pode desde os dezesseis...), abrir uma empresa, ir e vir sem precisar de autorização dos pais, etc.
                   Além dos aspectos jurídicos da questão, são muito importantes os pontos que dizem respeito ao comportamento social, à reflexão individual, à personalidade, à participação política, à formação de uma ideologia e – fundamental, na nossa visão específica – da construção do seu nome próprio.
                   O nome é a primeira propriedade de uma pessoa e a sua característica mais importante, junto com o sexo. É uma das principais referências de identidade, junto com o rosto ou a impressão digital. Mais é a mais enraizada delas. É o que nos identifica, nos revela, nos apresenta.
                   A construção individual do nome tem duas fases: o símbolo e a substância.
                   A substância diz respeito à identidade, quando a pessoa percebe a si mesmo, se identifica com outras pessoas, adquire cultura e educação, desenvolve valores, habilidades, conhecimentos e, reconhece as suas limitações. É nessa fase que deve ocorrer o planejamento do futuro e o reconhecimento das responsabilidades a serem assumidas. O processo inclui ainda, obviamente, a consciência a respeito da responsabilidade civil do indivíduo. Trata-se em síntese da construção das bases do ser.
                   Deixar a vida simplesmente acontecer (e passar...), sem cuidar da substância, dos valores, dos instrumentos que possam fazer a pessoa alguém melhor e mais capacitado, é um verdadeiro crime, ou melhor, um autocrime, uma sabotagem, uma espécie de suicídio social e individual. Na falta de outro nome, muitos chamam a isso de alienação.  Que nada mais é do que a falta deliberada de comprometimento com o crescimento pessoal e coletivo.
                   Um aviso: a construção da identidade social é um processo que ocorre durante a vida toda do indivíduo, não tem fim. Mas precisa ter um início.
                   Agora, falemos do nome.
                   A valorização de um nome ocorre a partir da quantidade de conhecimento que acumulamos e do nosso comportamento social. Juntamente com o símbolo (a palavra) e seu significado, a valorização do nome se dá de acordo com o que fazemos, com as nossas ações, nosso raciocínio, nossos pensamentos e a forma de nos relacionarmos.
                   A construção de um nome forte e respeitado depende ainda da existência de um nome que tenha significado, que desperte ações saudáveis. Um nome que seja de bom gosto e que identifique, de fato, o seu proprietário. Que não seja bizarro, feio ou sem significado. Que não envergonhe, não cause constrangimento.
                   Por isso mesmo, a legislação brasileira é sábia, pois a Lei nº 6.015/1973, em seu artigo 56, concede ao jovem, no ano da sua maioridade, o direito de mudar o próprio nome. Um direito que na verdade existe desde os anos 30 do século passado.
                   A escolha de um nome adequado também é parte importante do processo de planejamento do futuro e do fortalecimento da personalidade. Pois muitas vezes, um nome estranho ou inadequado pode comprometer o desenvolvimento da personalidade, criando traumas e sofrimentos e impedindo o desenvolvimento pleno das potencialidades de cada um.
                   Seja fiel a você e alimente o crescimento da sua personalidade.
                   Estude, aprenda, instrua-se.
                   Planeje o seu futuro. Prepare-se para o futuro, com as ferramentas necessárias. Tenha consciência do mundo em que vivemos.
                   Busque a evolução de toda a sociedade. Seja solidário. Comprometa-se.
                   Escolha um nome adequado e construa esse nome. Valorize o seu nome, engrandeça o seu nome.               
                   Orgulhe-se de você e do seu nome.

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