segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Por que bondes têm esse nome?


Lane Valiengo

     Bondes, você sabe, são aqueles mostrengos de ferro e aço que foram salvos da extinção total por causa da nostalgia dos mais antigos e pela curiosidade dos mais novos. Em muitos lugares que tanto usufruíram deles, vivem somente em museus. Em outros, são peças exóticos a lembrar que antigamente o trânsito aceitava qualquer coisa. Para nós, a curiosidade maior é que somente no Brasil é que eles receberam um nome próprio só deles, sem tradução nem adaptação.

        A palavra “bond” no idioma edificado por Shakespeare significa acordo, promessa, contrato. Mas o que nos interessa é um outro significado seu: bônus. Os especuladores da História e dos bons costumes dizem que o nome “bonde” deriva dos bilhetes (ou passagens) emitidos pela empresa americana Botanic Garden Rail Company, que explorava o negócio dos “street cars” que circularam no Rio de Janeiro a partir de 1868.”Bonds” seriam os vales usados pela empresa, por causa da escassez de troco. A palavra “bond” vinha impressa nos bilhetes e não teria demorado mais que uma viagem por Copacabana para que aqueles portentoso e ultramoderno meio de transporte passasse a ser chamado candidamente de “bonde”. Simples, não?

        Que nada, existem tantas versões quanto o número de linhas percorridas pelos valentes carros puxados a princípio por burros. Há quem defenda com unhas e estribos que o nome veio mesmo do feliz proprietário da primeira linha implantada em Belém, Pará, conhecido desde o batismo por James Bond!

        Existem sites que apostam até o precioso apito dos cobradores (ou bilheteiros), e dão de quebra aqueles quepes elegantes, que o nome veio do substantivo “bond”, que pode significar elo, laço, algema, grilhões. E o insuperável escritor Luiz Fernando Veríssimo jura por todas as alavancas e todos os ilustres passageiros que o nome surgiu por causa da empresa britanicamente inglesa Bond & Share, uma das pioneiras do serviço de transporte coletivo no Brasil.

        O verbo “to bond” significa ligar, unir, atar.

        Mas em Santos, bonde significa o revivido bonde turístico, que leva os turistas e proprietários de máquinas fotográficas a conhecer todos os poucos tesouros históricos que temos e todas as mazelas de um Centro Histórico que desmorona a cada dia, a começar pelas marquises. Atendendo a milhares de meia dúzia de súplicas de saudosistas crônicos, criou-se a linha, que exibe diversos tipos do chamado “carril de ferro”, incluindo italianos, americanos, belgas e portugueses. Mais de um milhão de pessoas já andaram neles, desde que a linha começou a funcionar, em 2000.

        A linha tem cinco quilômetros.

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