segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os nomes femininos do Poder e outros nomes estranhos

Lane Valiengo

                   É no mínimo estimulante a presença de mulheres ocupando alguns dos principais postos de comando do País, a começar pela Presidência da República. Mas se o fato é elogiável, o mesmo não se pode dizer a respeito dos nomes de algumas destas personalidades, que apenas confirmam a falta de consciência e bom gosto de grande parcela dos pais.
                   Ideli obviamente não é nenhum exemplo de coerência e apesar de sua dona ter o costume de se manifestar em altos brados (enquanto deputada e senadora), seu nome não é nem um pouco sonoro. Nem coerente. Aliás, é raro mesmo juntar as palavras coerência e política institucional na mesma situação.
                   A nova Ministra declara-se "firme nos princípios, afável na abordagem". O significado disso será revelado com o tempo. Já o significado do seu nome permanece um mistério que nenhum site especializado ainda conseguiu decifrar. Mas como ex-Ministra da Pesca, ela poderá ensinar o povo a pescar ou jogar alguma isca por aí...
                   A Chefia da Casa Civil agora é ocupada também por uma representante do sexo feminino, Gleisi. Pode parecer implicância, mas em termos de nomes o Governo Dilma não vai nada bem. Tudo bem que Gleisi vem do latim e significaria, até prova em contrário, "agradável". Mas que não é bonito, ah, isso não é mesmo... Dizem porém as boas línguas que ela fará bonito na Casa Civil.
                   As palavras são em geral muito interessantes. Enquanto alguns dizem que Gleisi será um "divisor de águas" na Casa Civil, outros dizem que ela veio "para somar". É para dividir ou adicionar?
                   Será que é por isso que dizem que a matemática política é capaz de provar que dois mais dois resulta sempre em cinco e ainda cobrar o troco?
                   Apesar do nariz lindamente arrebitado, comenta-se que ela não costuma andar com o mesmo empinado. O problema é que geralmente é definida, nas questões políticas, como "um trator".
                   Uma coisa é certa: a faxina será grande, depois de Palocci...
                   Pelo menos é possível saber que o nome Dilma tem origem germânica e significa "elmo nobre". Mas existem controvérsias. Alguns sites alegam que a origem é o latim e que Dilma é a versão feminina de "Adelelmo", que é um nome de origem germânica. Quanto ao sobrenome, é fato que seu pai Pétar, búlgaro, amenizou o sobrenome original Russev, dando-lhe a forma afrancesada Rousseff, assim como abrasileirou o Pétar, adotando o nosso Pedro correspondente. Não há comprovação mas alega-se que Russev, em russo, significa "refém".
                   O nome completo da Presidente da República ainda tem "Vana" e "Linhares". O primeiro seria o apelido de carinhoso de Vânia, nome que em latim significa "aquela que traz boas notícias"; e a sua variação alemã significa "esperança".
                   A esperança certamente é toda nossa...
                   O Linhares por sua vez é um sobrenome bastante comum em Portugal, na Galícia (Espanha) e no Brasil, especialmente no Espírito Santos. Deriva de "linhar", do latim "liniare" e designa a família que vive do cultivo de algodão.
                   Sem dúvida há muito a tecer...
                   Mas o universo político (ou seria melhor chamá-lo de buraco negro?) é recheado de nomes estranhos e absurdos, embora muitos deles sejam perfeitamente adequados à, digamos, personalidade de seus portadores. O caso clássico é o nome do ex-Presidente e pretendente a literato José Ribamar Sarney, sobrenome que não passa de uma pronuncia abrasileirada de "Sir Ney", que era o proprietário da fazenda aonde a família de Ribamar trabalhava. Na ânsia de ganhar visibilidade, resolveram pegar o nome de seu dono, quer dizer, seu patrão, numa insuportável submissão aos poderosos.
                   Atualmente há o caso do recente deputado federal Protógenes de Queiroz, o delegado neo-comunista (ou nem tanto...). Engana-se porém quem considera seu nome algo absurdo: Protógenes é um nome grego, que significa "protagonista". Mas não deixa de ser feio...
                   O canadense Laurence escreveu, em forma de sentença: "Democracia é quando as pessoas são livres para escolher alguém que as frustarão". E o americano H.L. Mencken disse que "É difícil acreditar que um homem esteja dizendo a verdade quando nós mentiríamos se estivéssemos em seu lugar".
                   Constatações à parte, quem explica o nome Duciomar (Prefeito de Belém)? E Eleuses? Barbalho? Até um "Richa" é motivo para amplas discussões filosóficas. E o que significa afinal o nome Aécio? Ao que tudo indica, é de origem grega e significaria, carecendo de maiores confirmações, "ave de rapina". Será mesmo?
                   No Congresso Nacional existem nomes como Pauderney, Reguffe, Ubiali, Dudimar, Genecias, Biffi, Arolde, Aelton, Marinor, Blairo, Delcídio, Ferraço, Manatto, Lauriete, Dado, Tatto, Boeira, Berinho, Givaldo Carimbão e, o pior de todos, Caiado. Nem vale à pena perguntar a razão.
         Ora, direis, ouvir políticos... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário