terça-feira, 26 de julho de 2011

O nome do novo campeão

Lane Valiengo

               O nome Neymar seria de origem latina (a origem exata dos nomes pode se tornar bastante discutível...). Ney (ou melhor, “Nei”...) significaria “novo” mas, ao ser justaposto a “Mar, significaria “aquele que vem do mar”. É justamente aí que surge aquela teoria que afirma que o nosso nome, sua origem, sua carga emotiva, sua força e os motivos de sua escolha, tudo somado ao ambiente em que vivemos, poderia influenciar a  nossa personalidade.       

                Além do mais, a atitude diante do próprio nome seria uma forma de definição a respeito do nosso futuro. Nomes normais, sonoros, com significado definido, que carreguem força interna, que têm brilho, influenciariam positivamente a pessoa. Ao contrário, nomes estranhos, absurdos, feios ou de mau gosto, que não têm uma origem etimológica ou que são apenas produto de brincadeiras estúpidas, além da óbvia carga de sofrimento que infligem a seus donos, influenciariam negativamente a vida da pessoa.

                O futuro pode depender em muito do respeito que nutrimos pelo nosso próprio nome e, também, do orgulho que temos por esse nome.

                Neymar não é um nome comum. Mas não é um produto da simples inconseqüência dos pais. “Aquele que vem do mar”, seu significado, encerra uma carga no mínimo interessante: remonta aos sonhos saudosos do homem em conquistar os oceanos e, assim, ser devidamente reconhecido por seus iguais. Inspira respeito e denota a habilidade de superar as dificuldades (o mar revolto e desconhecido, repleto de perigos e mistérios insondáveis).

                Mesmo que, ao escolher este nome específico, o responsável não estivesse plenamente consciente de sua carga e sua importância, de seu significado e de suas vibrações, o nome, como palavra, carrega automaticamente toda uma herança humanista, ideológica até.

                Obviamente, é um nome com que seu avô (o pai dele também é Neymar) desejou, talvez inconscientemente, que o filho, ao receber esse nome, se tornasse alguém, uma aspiração velada e uma esperança secreta de que o filho se sobressaísse, se destacasse, pairando acima dos comuns. Uma geração depois, o sonho está se tornando rapidamente uma realidade concreta.

                O craque Neymar e seu nome já alcançam a admiração dos brasileiros, por causa da sua arte, da sua técnica, da sua forma de jogar. Desperta a fantasia, a criatividade que só os iluminados têm. Ele veio, sim, do mar, das praias, das terras banhadas pelo oceano. Nós, os praianos, crescemos com esta herança ancestral de nos relacionarmos com o mar de uma forma saudável. Foi justamente o oceano que fez surgir e crescer aqui uma cidade. A atividade marítima e portuária faz dos santistas um povo em contato com o mundo exterior, naturalmente, recebendo variadas influências, tomando contato com outras terras, outras gentes, outras culturas e outras mentalidades. Assim se fez a nossa história, assim nos colocamos no mundo. “Com tanto navio para partir, minha saudade não sabe onde embarcar” (Narciso de Andrade, “Cais”).

                O dístico diz que “aqui ensinamos à Nação a liberdade e a caridade”. Mais uma vez, os ciclos históricos se repetem e estamos novamente ensinando a como jogar o jogo, tão importante jogo do nosso cotidiano, o jogo que encerra todo o nosso orgulho, toda a nossa forma generosa de viver e encarar a vida. A porção de terra brasileira que viu uma bola de futebol pela primeira vez foram as pedras do cais de Santos, quando Charles Miller aqui desembarcou. Parece que esse primeiro contato transformou-se em amor mútuo.

                Por isso, resta desejar que o nosso Neymar, gestado aqui, nestas terras oceânicas, que cresceu respirando os ventos da nossa história, siga pela vida fazendo arte, fazendo magia com a bola nos pés, alimentando a nossa fome de fantasia e gols.

                E que esteja consciente e inspirado no momento de escolher o nome do seu filho, que nascerá em breve.

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