Lane Valiengo
Ninguém escreveu como Machado. E poucos chegarão a atingir a dimensão a que chegou Joaquim Maria Machado de Assis, considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. O outro, obviamente, é Guimarães Rosa. E Jorge Amado certamente viria logo em seguida.
Obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Memorial do Aires, O Alienista, Esaú e Jacó, entre outras, representam o que de melhor se fez em literatura no Brasil. O escritor mexicano Carlos Fuentes escreveu uma vez que Machado era, simplesmente, um milagre. Um milagre, por exemplo, do tamanho de Cervantes.
Nascido em 1839 e falecido em 1908, Machado de Assis retratou a vida no Rio de Janeiro de forma peculiar, desvendando o comportamento da sociedade brasileira médio, criticando costumes e valores.
Na época de Machado, os nomes utilizados em seus romances, crônicas e contos eram aqueles normalmente usados pela sociedade. Nomes que, a rigor, não se ouve mais. Primeiro, porque os tempos são outros. Segundo, porque o gosto muda, assim como as modas passam. E, terceiro, porque a influência distorcida e mal entendida da língua inglesa não tinha a mesma força de hoje.
Será que não existem mais os Bentos? E Gervásio, Fortunato, Escobar, Ezequiel, Venâncio, para não falar em Rubião (Ao vencedor, as batatas!), Januário, Genoveva, Fortunato, Virgília, Engrácia? Capitu então, nem se fala. Policarpo, porém, já é um outro departamento...
A constatação é a de que, a grosso modo, os nomes mudam conforme a época. Quem hoje receberia um nome como Astolfo, Zaira, Licurgo, Anacleto, Teodoro e Marcílio? Na realidade, até José e Maria, os campeões, estão enfrentando certa decadência, vencidos pelos Maikons, Jéssicas e Cauãs.
Que fim levaram os Matias? E os Didios, os Guidos, os Castros, os Felicianos? E as Deolindas?
Pior de tudo é lamentar a constatação de que não existe nenhum Machado nos nossos tempos.
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