segunda-feira, 18 de julho de 2011

Homenagens sinceras a quem carrega um nome feio

Lane Valiengo

      Vocês vivem o cotidiano como se nuvens carregadas sempre acompanhassem seus passos, seja aonde for. A qualquer momento, um constrangimento desabará. Os nervos ficarão em frangalhos, a estima nunca será alta, as provocações chegarão até à medula, insuportáveis. A depressão será companheira diária.

         E mesmo assim vocês defendem os seus nomes, lembrando aos assediadores que um nome nem sempre é uma verdade absoluta. Não mostra quem são as pessoas, as personalidades, os comportamentos. Principalmente quando são nomes feios, absurdos, estranhos.

         Vocês têm de suportar todas as discriminações, todas as gozações, todas as pilhérias, todos os trocadilhos, todas as insinuações. Todo o estranhamento. São julgados por um nome esquisito, e não pelo seus atos.

         Vocês enfrentam preconceitos, exclusões, ofensas, crueldades, torturas disfarçadas de brincadeiras. São diminuídos, provocados, humilhados. E mesmo assim resistem.

         A alma dilacerada, o coração atravessado por dardos venenosos, os olhos perfurados, os sentimentos rasgados, a confiança demolida. Tudo porque lhes deram um nome feio.

         Vocês vivem num inferno constante e todos os dias são de inverno gelado, cortante, irritante. Tudo porque alguém quis brincar com vocês logo que nasceram.

         E ninguém merece nada disso.

         Ninguém merece um nome que não é nome de verdade.

         Ninguém merece viver sob permanente frustração.

         Um nome adequado deveria ser um a questão de direitos humanos, de direito à felicidade, à tranqüilidade, à normalidade. “Ninguém será perseguido ou excluído por causa de seu nome”.

      “Todos são iguais independente de seu nome”.

         “Todos têm direito à justiça social, às mesmas oportunidades de emprego, estudo, cultura e convívio social independente do nome que receberam”.

         Ou então deveria ser uma questão constitucional, inserida igualmente no Código Civil: ”Ninguém discriminará seu semelhante por causa de seu nome”.

         Ou então, isso: “Todos têm direito a um nome normal”.
        
         Vocês merecem todo o respeito, toda a compreensão, toda a solidariedade. Porque vocês sonham em se libertarem destas algemas nominais.

         Porque vocês sabem como é o sofrimento e a luta diária de viver esmagado por um nome inadequado.

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