segunda-feira, 11 de julho de 2011

A gravata preta de Guarnieri

Lane Valiengo

Gianfrancesco Guarnieri sempre foi grande. Grande dramaturgo, um dos melhores que o País conheceu. Grande ator, geralmente compondo tipos com forte sabor popular. Grande ativista político, sempre envolvido com as questões sociais. E um grande observador da realidade brasileira, transportadas para as suas peças.

Ele só não era grande na hora de escolher o título das suas peças. A mais famosa delas tinha por título “Eles não usam black tie”, algo um tanto incompreensível e totalmente fora do contexto da trama, que falava do operariado, da tomada de consciência dos trabalhadores e seu relacionamento com o sistema e os donos do poder econômico. Além, é lógico, do comprometimento com o avanço social.

A questão era o nome, que não funcionava, não exprimia o que poderia ser visto no palco. Foi então que, um dia, o advogado Gerson Martins sugeriu que Guarnieri mudasse o nome da peça, que não funcionava mesmo, não atraía nenhuma atenção, era incompreensível para o público. O autor alegou que especialista em marketing tinham garantido que o título era bom. Mas não era não...

Quando a peça foi filmada, com grande elenco (incluindo o autor), o nome foi trocado: a gravata preta estrangeira deu lugar a um sonoro “A Greve”.

Como se percebe, tudo era uma questão de um bom, interessante e sonoro nome adequado.

Gianfranscesco Sigfrido Benedetto Martinengghi de Guarnieri nasceu em 6 de agosto de 1934 em Milão, Itália. Veio para o Brasil aos cinco anos, com a família, que fugia do fascismo. Foi líder estudantil, foi um dos criadores do Teatro do Estudante, que se uniu ao célebre Teatro de Arena. Eles não usam black tie foi encenada pela primeira vez em 1958.

Infelizmente, Guarnieri morreu em 22 de julho de 2006 e levou embora o seu enorme talento.

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