sexta-feira, 3 de junho de 2011

POR QUE PANCRÁCIO?

Paulo Matos

Em 12 de maio temos como padroeiro Santo Pancrácio, um combatente sem armas, que teve antigas com Hércules e Teseu, como identifica a Mitologia Grega. A palavra tem origem grega e significa “pan”, paratodos e “kratos”, força. Foi usado pelos combatentes de Esparta como instrumento e sua aparição foi registrada nos Jogos Olímpicos de 648 a.C.

É o nome de uma luta. São Pancrácio, o italiano San Pancrazio, nasceu por volta do ano 289-290, em uma nobre família frígia e morreu em 12 de maio de 304, com cerca de 14 anos de idade, sua data religiosa. Convertido ao cristianismo, tornou-se um mártir ao ser decapitado na Via Aurelia por conta de sua fé, durante o império de Diocleciano. São Nereu, decapitado também neste dia, teria os mesmos problemas.

Pancrácio, literalmente, significa a prática de um exercício violento e brutal do atletismo rego: combinação de boxe e luta em que podiam ser usados tanto as mãos quanto os pés ou qualquer outro meio de derrotar o adversário.

Em limite, tratava-se de por o adversário fora de combate, ou porque ele desfalecia, ou porque, levantando o braço, se confessava vencido. Para isso, todos os golpes eram admitidos. As lutas eram vencidas por finalização ou se o oponente ficasse incapacitado de alguma forma para continuar a luta.

Não existia divisão de peso ou limite de tempo no rodada, na época existiam poucas regras, como não poder morder e por o dedo no olho.

Pancrácio é padroeiro dos jovens e crianças, idosos e enfermos. São Pancrácio foi homenageado com uma capela em 1949 e uma nova Igreja em 1981, nascido a 289 dC. O tempo cuidou de desmoronar sua pregação pelo seu nome: quantos seguiriam hoje alguém que se chama Pancrácio?

A questão do nome é temporal, cada uma dá sua interpretação, mas a problemática hoje é outra – a importância que o nome tem para que alguém cumpra seu destino, seja como líder espiritual, seja como um líder no esporte, na literatura, na poesia, no trabalho. Historiadores relatam diversos tipos de pancrácio, incluindo formas de luta no solo, lembrando aspectos de artes marciais. Por isso, é comum citar a modalidade como uma das origens do vale tudo atual.

A mistura de boxe e luta livre é relatada como uma das mais populares modalidades da Antiguidade.

Mesmo assim, só entrou no currículo olímpico em 648 a.C. O pancrácio era usado como base do treinamento de luta dos soldados gregos - incluindo os poderosos exércitos de Esparta e de Alexandre, o Grande.

Pode-se compreender que exista um São Pancrácio, mas isto em sua época, não hoje. Colocar o Nome Pancrácio em um bebê hoje é privá-lo do futuro. E, ressalte-se, salientamos hoje o papel do nome neste concerto.
Preparamos os nossos filhos e temos isso como finalidade de vida oferecendo-lhes a consolidação de uma existência prodigiosa, ambiental e culturalmente – esportivamente, se possível, como deuses do Olimpo da Mitologia Grega. 

Os índios, recorrendo à sabedoria secular, denominavam pessoas e lugares com seus detalhes físicos e geográficos, pois como não tinham escrita o faziam pela descrição do monte, lago ou correnteza que auxiliasse sua localização.

Existia uma finalidade nesta atribuição perene, que agora não o é, pois os jovens aos 18 podem ter a chance de mudar ao seu gosto e de graça. Mais velhos também, quando descobrem que são carregadores de tarefas inglórias ao sustentar sobre si armaduras que não podem suportar.

Independente da contradição entre seu nome e seu papel cristão, o que assistimos hoje, de modo a vislumbrar os valores presentes, o quanto terão de problemas os que por adoração ou religiosidade forem impostos o nome de “Pancrácio” – vítimas de si mesmos e de pais que não compreenderam a importância do rótulo na vida moderna.

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