segunda-feira, 6 de junho de 2011

O grande nome do Imperador

Lane Valiengo

         Monarcas deveriam ter um nome extenso, do tamanho do seu poder. Seguindo a tradição, D. Pedro I (no Brasil) ou Dom Pedro IV (em Portugal) chamava-se Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.

         Foi conhecido ainda como O Libertador, O Rei-Soldado e O Rei-Imperador.

         Era o quarto filho (segundo varão) do Rei D.João VI e de sua esposa, Carlota Joaquina de Bourbon, infanta de Espanha. Dom Pedro tornou-se herdeiro depois da morte de seu irmão mais velho, Antonio de Bragança, em 1801. Tornou-se Imperador do Brasil em 7 de setembro de 1822, sendo o primeiro chefe do Governo brasileiro, reinando até 7 de abril de 1831, quando abdicou em favor de seu filho, Dom Pedro II. Foi coroado Rei de Portugal em 22 de junho de abril de 1926 e abdicou em 2 de maio de 1826, em favor de sua irmã Dona Maria II.

         A tradição picaresca brasileira dizia que o Imperador tinha espírito aventureiro, era boêmio, galanteador, impulsivo. Casou-se com Maria Leopoldina de Áustria, sobrinha neta de Maria Antonieta, imperatriz de França. Viúvo, casou-se novamente, com Amélia de Leuchtemberg, Princesa da Baviera. Chegou ao Brasil aos nove anos de idade, em 1808, quando da vinda da família real, que fugia de Napoleão Bonaparte.

         Foi sucedido no trono brasileiro por seu filho Dom Pedro II, que igualmente possuía um longo nome: Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança.
        
         Pode-se até divagar e argumentar que o tamanho do nome da monarquia portuguesa (e brasileira, em decorrência) tem um sabor de questão psicológica, a imponência,  a extensão do poder, o alcance do reino, o tamanho do ego, etc e tal. Parece que tudo começou com Pedro II de Portugal (1648-1706). Nomes, como se sabe, têm poder. Mas acredita-se que havia um certo método nos nomes dos integrantes da Casa de Bragança: nome próprio (composto), nomes de arcanjos, nomes da família e nome da Casa Imperial. Com tantos nomes, seria possível abraçar o mundo e aterrorizar os inimigos?

         Com a implantação da República em Portugal, em 1910, os descendentes de Miguel I tiveram recusado o direito de seguir a tradição familiar, usando nomes excessivamente compostos.

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