segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nomes da repressão devem ser mudados?

Lane Valiengo

                  Torturadores podem ser nomes de ruas? E golpistas?
                  
                  Ditadores podem ser homenageados nomeando um conjunto habitacional? E um bairro, uma cidade?
                  
                  Seria como conviver com o inimigo?
                           
                  Eis uma questão interessante: os nomes daqueles que praticaram abusos contra a humanidade podem figurar em placas que indicam locais públicos?
        
                  A Prefeita de Cubatão, Márcia Rosa (PT) acha que não. E vai mais longe: quer perguntar à população se os nomes de representantes do golpe de 64 devem ser mudados.
                  
                  Cubatão perde sua autonomia política em 1968, por imposição da ditadura militar. Considerada como “área de segurança nacional”, ficou 17 anos sem ter o direito de escolher seu prefeito. Durante esse período, os interventores nomeados pelos militares golpistas aproveitaram para deixar a herança pesada de nomes antidemocráticos.

                  Dessa forma, existe um bairro chamado 31 de Março (data do golpe militar), outro Jardim Costa e Silva e, ainda, um Centro Esportivo Castelo Branco. A Prefeita Márcia Rosa iniciou, agora, um processo de consulta popular, para saber se as pessoas realmente querem mudar o nome de todos os próprios públicos que fazem referência ao golpe de 64. Não se trata de apagar o passado, ela declara, comentando que não considera justo que torturadores e homicidas sejam homenageados. Aqueles que foram contra a democracia, alega a prefeita, não podem ter o nome dado a uma rua ou qualquer outro local público.

                  Presidente Médici é o nome de uma cidade em Rondônia. Há um elevado Costa e Silva e uma rodovia Castelo Branco em São Paulo. Em Santos, há um Conjunto Habitacional Dale Coutinho. O colunista Vladimir Safatle, do jornal Folha de São Paulo, cita a rua Hennning Boilesen, empresário que financiou a repressão e, em troca, gostava de assistir às sessões de tortura. Lembra ainda que, em São Carlos, os cidadãos conseguiram mudar o nome da então rua Sérgio Fleury, um dos grandes especialistas em tortura da História recente.
                  
                  Será que não é homenagem demais para gente que tanto mal fez à democracia?

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