quinta-feira, 26 de maio de 2011

ATÉ LOBATO MUDOU DE NOME!

Paulo Matos 

A 18 de abril de 1882 em Taubaté, Estado de São Paulo, nasce um personagem histórico – e determinante para o Brasil – que mudou de nome: era o filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Augusta Monteiro Lobato.

Este Lobato recebe o nome de José Renato Monteiro Lobato, que por decisão própria modifica mais tarde para José Bento Monteiro Lobato - desejando usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J. B. M. L. Veja você, Lobato mudou de nome, o notável escritor e empresário brasileiro, incentivador da exploração do petróleo nacional.

Lá se vão 52 anos desde que Monteiro Lobato nos deixou em 1948, registrados em quatro de julho. Foi este Juca que introduziria a literatura infantil de raízes brasileiras no país, que resgataria o petróleo latente e inedescoberto no solo pátrio, exemplo de atuação e patriotismo – que, aliás, era o nome da cidade, por coincidência, em que se descobriu o petróleo pelo que ele tanto lutou.

No colégio funda vários jornais, escrevendo sob pseudônimo. Aos 18 anos entra para a Faculdade de Direito por imposição do avô, pois preferia a Escola de Belas-Artes. Em 1904 diploma-se Bacharel em Direito, em maio de 1907 é nomeado promotor em Areias, casando-se no ano seguinte com Maria Pureza da Natividade (Purezinha), com quem teve os filhos Edgar, Guilherme, Marta e Rute.

Lobato teve como tutor o avô Visconde de Tremembé, pois os pais morreram quando ele era adolescente. Denunciou as queimadas em 1914 e criou o Jeca Tatu, símbolo do caipira abandonado ao seu atraso e miséria pelo governo, escrevendo no jornal O Estado de São Paulo. Dono da maior editora de livros do país, que faliu na crise energética e nos conflitos com o Presidente Artur Bernardes, foi adido comercial em Nova Iorque, de 1927 a 1931 - de onde voltou disposto a investir na produção de ferro e petróleo. Para ele, o único caminho para transformar o Brasil em potência.

Lobato percorreu o País falando ao povo e descobrindo petróleo, mas esbarrava na influência dos estrangeiros que insistiam em negá-lo. Defensor da exploração brasileira dos minérios, atacou em carta a política brasileira no setor, com graves acusações ao presidente, motivo pelo qual foi preso em 1941. Logo deixou de escrever para os adultos e voltou-se ao público infantil, com igual genialidade.

Autor dos livros “Cidades Mortas” (1919), “As reinações de Narizinho” (1931), “Emília no país da gramática” (1934) e “A chave do tamanho” (1942), denunciou a cobiça internacional do petróleo brasileiro em “O escândalo do petróleo e do ferro”, em 1936, que explica sua luta para afirmação do petróleo brasileiro, que venceu com a fundação da Petrobrás em 1954.

Foi em 22 de janeiro de 1939 que o petróleo anunciado por Lobato brotou de madrugada, depois de interrompida a prospecção, na cidade de Lobato, na Bahia, em incrível coincidência. São violentas as revelações e demonstrações do livro “O escândalo do petróleo e do ferro”, relato da luta de dez anos a que ele deu sua vida e da qual saiu arrasado, porém vencedor.

Editado em 1936, teve como subtítulo “Depoimentos apresentados à comissão de inquérito sobre o petróleo”, narrando as manobras da Standard Oil Company para dominar o setor, na luta entre Inglaterra e Estados Unidos para dominá-lo, seiva da vida moderna que se provou. Lobato conta seus mártires, os que ousaram descobrir o petróleo em terras brasileiras, como o alemão Bach, em 1918, “afogado” dias depois de proclamá-lo. Ou o “suicídio” de Pinto Martins, que seguiu suas descobertas, entre outros narrados na obra deste que antecipou verdades.

Contista, sociólogo, romancista, contador de histórias infantis, foi o economista prático que defendeu os grandes interesses nacionais. Não se limitou a propor e defender, mas colocou mãos à obra, tornou-se capitão de indústria, vítima do poder das nações imperiais. Mas ele mudou de nome, veja você, por causa da bengala.

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