terça-feira, 31 de maio de 2011

Há remédio para tudo

Paulo Matos 

Há remédio para tudo, até para mudar seu nome. Ah, você dirá, para isso não, é permanente. Não, não é, desde que você queira mudar! A Lei não apenas permite como garante este direito sem custos após os 18 anos e antes dos 19. Sim, você pode tirar aquela coisa feia que lhe atrapalha a vida, que lhe faz ser centro de brincadeiras com os colegas da escola ou no serviço.

Com,o diriam os antigos, há remédio para tudo, até para nome feio, aquele que “pega mal”. O juízo é seu, pois se o nome é seu a responsabilidade sobre ele também deve ser sua. Chega de brincadeiras, ironias, gozações, pois quando você atinge a maioridade civil você é responsável pelo seu destino o é também pelo nome.

Se seu nome se tornou feio em função de fatos históricos ou políticos, você pode mudar, sim. Não vai ter que carregá-lo por toda a vida. A grande oportunidade de mudar de nome está permitida e garantida na Lei. Não poderia ser diferente: não existe penalização eterna no Brasil. Você pode até ser condenado a 200 anos de prisão, mas só cumprir 30. E não há pena de morte.

Quando você faz 18, teoricamente é hora de corrigir seus erros. Se você cometeu crime na menoridade será solto, passam a valer os cometidos na maioridade civil. É assim. Depois, a coisa fica mais restritiva, a mudança tem que ser motivada, provada. O que é regra passa a ser exceção. Esta lei que permite mudar de nome aos 18 anos é de uma importância tal que deveria estar fixada nos cartórios.

O Dr. Gerson Martins, especialista no tema, conta que já ouviu de antigos tabeliãos que “essa lei não existe”, mas existe sim na Lei de Registro Civil desde 1939 – e olhe que quem disse isso ficou 46 anos no cargo...

Muitos dos atuais profissionais do Registro Civil também a desconhecem. Episódios em que o Dr. Gerson quis  alterar o sobrenome de uma sobrinha e evitar o “Pinto”  que faz parte do sobrenome familiar, acrescentando apenas o nome da mãe, foi recusado mas depois de apelações aos juízos superiores, teve acolhimento pleno.

É preciso que se garanta esta providência de alto valor social na vida de cada um. Só quem passa por isso tem consciência do dano causado por uma ilação impensada dos pais ao designar seu nome, sem pensar no que isto traria de aborrecimentos. Poucos conhecem o dano que uma imposição além a vontade individual pode causar. E mudanças no nome alheio à própria vontade, superando quadros traumáticos graves.

São quadros traumáticos impostos extra-vontade do indivíduo, que a lei procura garantir sem intromissão, que excluem a responsabilidade pessoal da substância da construção do ser na sociedade. Assumir a autoria dos atos constitutivos da pessoa – e o nome é valor central, o rótulo – é responsabilidade autógena, tarefa pessoal e indissociável do próprio cidadão. Você pode sim mudar de nome. E os cartórios deveriam expor esta possibilidade.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

ELES NÃO MUDARAM DE NOME! - O Centro dos Estudantes de Santos

Paulo Matos
 
Neste último dia oito de janeiro, isto é, deste ano de 2011, a cidade comemorou os 79 anos de sua mais candente juventude – que não mudou de nome, por que se consagrou. Mas se precisasse mudava, ah, isto mudava! Foi de uma de suas mais importantes entidades, de extensa e importante trajetória, pela qual passaram grandes personagens, que frutificaram, posteriormente, como exemplos de cidadania e atuação. Em Janeiro de 2012 fará 80! Não mudou porque não precisou mudar: se precisasse mudava, ah, tinha coragem para isso!

Aniversariou e vai aniversariar o Centro dos Estudantes de Santos, que não mudou de nome, fundado entre os eventos originários da Revolução Constitucionalista de 1932, lembra? A discussão está menos nela mesma do que o fenômeno de sua incorporação pela juventude. Está certo que era mais para conservar um modelo do que para mudar, era mais por medo das inovações de Getúlio Vargas do que outra coisa.

Mas foi significativa essa “Revolução Constitucionalista”, que vinha, em tese, exigir uma Constituição para o País e um governador “civil e paulista”: quando explodiu, estes itens já tinham sido cumpridos. Mas seu hino “Paris Beaufort” ainda emociona: tchum: tchum, tchum, tchum, tchum, Paraná tchum! – independente de seu significado! Uma ampla campanha da imprensa, rádio e jornais, se movimentou nas mãos da classe dominante.

São suas conquistas a meia-passagem nos ônibus, a meia-entrada nos cinemas, vitórias antigas do CES, motor juvenil, força varonil - enérgica, forte, heróica. Coisas de juventude, na sede na Avenida Ana Costa, junto à Rua Pedro Américo – indo para a praia, antes da “Linha da Máquina”, que é como os santistas chamam os trilhos da ferrovia (a Estrada de Ferro da Sorocabana).

Muitas personalidades santistas pertencem ao CES, como o Governador Mário Covas e os prefeitos Esmeraldo Tarquínio e Oswaldo Justo, o advogado Vicente Cascione e o deputado Edmur Mesquita. Entre outros, como o empresário Omar Laino, o ex-presidente do Banco Santos e do Museu de Imagem e Som de São Paulo, Edmar Cid Ferreira, o deputado Gastone Righi e mesmo o Dr. Gerson Martins. Em diversos momentos de nossa história o CES foi objeto da repressão do governo autoritário. Mas resistiu, como é próprio da juventude.

O Centro dos Estudantes de Santos, de cuja fundação participou o médico Edu Brancato, que foi seu primeiro presidente, teve seus grandes momentos e personagens nesses 79 anos já completos, quase 80 a completar em 2012. Fez os maiores bailes da cidade, os maiores concursos literários do Brasil e, em 1968, inseriu Santos na revolução estudantil mundial. 

O CES cumpriu mais de dois terços do século passado em febril atividade. E mais uma vez luta por seu reerguimento, na heróica tarefa de transformar jovens em adultos capazes de dirigir a cidade e o país, aprendendo a reivindicar. É dever de a cidade homenagear o CES, signo de Santos.

É significativo que entidades consolidadas, que se afirmam por suas ações, não mudem de nome. Mas esta não é a sua principal característica, porque o importante são as ações e não o nome que pode e deve mudar sim a cada vez que seu papel é deficiente, que passa em branco suas datas marcantes, que não organiza para a luta, enfim.  Foram muitas as assembléias, reuniões, debates, ali. Foram muitas as decisões, que influenciaram opiniões e mostraram caminhos, caráteres, vontades, enfim.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ELA MUDOU DE NOME - A TRIBUNA, ANO 117

Paulo Matos

Na cidade e a região ganharam há um século e dezessete anos, em 26 de março de 1894, um impulso ao seu crescimento e desenvolvimento na força da informação. Era A Tribuna, jornal que se consolidou e que veio em função desses mesmos ingredientes, que iniciavam seus efeitos.

Era a Santos, um dos primeiros núcleos civilizatórios do país na comunidade do Bacharel, desde 30 anos antes de Martim Afonso e Bráz Cubas.  E que se tornou Vila no Dia de Todos os Santos. Pois até A Tribuna mudou de nome: era, ao surgir, “A Tribuna do Povo”, um dos maiores jornais do país.

Há 117 anos, a cidade de Santos ganhava um jornal. Trazido por um maranhense disposto a revirar a terra com suas convicções políticas.  A edição de 19 de dezembro de 1899, quando A Tribuna do Povo foi retomada por Olímpio (agora como A Tribuna), foi editada com seis mil exemplares, vendidos em meia hora. E repetida no dia 20, vendida até no câmbio negro por até 20 vezes seu preço original de cem réis. Era, segundo escreveu Olímpio no editorial, a “continuação espiritual” da “sua” Tribuna do Povo. Justifica-se, pois!

Outro nordestino, este de Aracati, no Ceará, continuaria a história, chegado depois de Olympio Lima, que não era outro senão Manoel Nascimento Júnior. Desde 1867, a cidade construíra o maior tronco ferroviário do país, a São Paulo Railway, obra do visionário Irineu Evangelista de Souza, o barão depois visconde de Mauá. Que trazia todo o café do interior para ser exportado por aqui.

Santos havia se tornado o maior porto exportador de café do mundo, com mil navios em 1893, recordes de carga idas e vindas. Santos tinha a primeira Santa Casa do Brasil, fundada em 1546 e a Estrada da Maioridade desde 1844, como caminho para São Paulo Capital. E era município desde 1839. O Código Sanitário do Estado chegou a dois de março de 1894, estabelecendo parâmetros para as avenidas e ruas, as primeiras com 25 metros a as segundas com 16. Santos iria crescer e com ela o seu jornal. Por vezes, sua coragem a fez reprimida.

Dez anos antes Santos tivera um evento de mobilização popular que a credenciara como cidade altiva e revolucionária no dizer dos escritores. Como professor e escritor Júlio Ribeiro, no seu romance “A Carne” fala da Santos de 1887. E da natureza de seu porto como causa para encampar as causas mais avançadas, “... o único povo que julgo capaz de uma revolução”, escreve. Foi esse povo que fez a primeira Constituição Municipal do País, aliás, a unica, revogada em 1894.

Era a lembrança de uma revolta local na questão da água em que a população irrompeu pelas ruas - a “A Revolta dos Lampiões” contra os serviços de água e luz, em dezembro de 1884. Vinte anos antes de 1894, tivera a primeira epidemia de febre amarela, há quatro consagrara sua ideologia Abolicionista nacionalmente, “Território Livre” que fôra dos escravos no país, republicana radical que seria sindicalista por excelência.

A Santos de 1894, que teve seus primeiros 200 metros do cais - que seria o maior do hemisfério - inaugurados em fevereiro de 1892, 1.866 no ano seguinte, iria assistir esse Olímpio Lima, chamado pelo historiador vital Francisco Martins dos Santos de... ”o maior jornalista que já passou por aqui”, que explodiria em número de leitores na sua aguardada volta em 19 de dezembro de 1899, depois de tenazmente combatido pelo atraso.

Nesse ano, a cidade fazia crescer sua organização social e ganhava sua Constituição Municipal, pretensiosamente ousada e autônoma como exemplo para os municípios brasileiros, mas enquadrada dentro da Lei maior republicana da Federação e do Estado. A economia e o desenvolvimento faziam jus a esta perspectiva – notadamente pelo desenvolvimento acelerado de seu porto.

Ainda na curta vigência da Constituição Municipal, de 15 novembro de 1894 a 15 de junho de 1895, (de 15 a 15), foram eleitos pela primeira vez pelo povo, a 1º de dezembro de 1894, os primeiros vereadores da cidade, o primeiro prefeito do Brasil. Criamos o cargo, que não será mais do intendente escolhido entre os vereadores eleitos, Manoel Maria Tourinho – como permitia a Lei. Era a Autonomia Municipal proclamada para o País, na pena gloriosa de Vicente de Carvalho, poeta e estadista que lutou pela obra dos canais redentores e pela preservação das praias de Santos.

O algoz da Constituição Municipal não seria outro senão aquele que, pouco democraticamente, contestou Olímpio Lima e sua Tribuna do Povo a tiros, pelas críticas que este fazia ao seu irmão, o delegado Isidoro de Campos – que o mandou prender diante de uma queixa de diversos vultos da cidade: o major José Emílio Ribeiro de Campos, advogado e diretor do jornal Diário de Santos.

José Emílio, o “Poscampini”, que também contestou a Constituição Municipal santista e progressista de 1894, apresentando recurso à Assembléia estadual - afinal deferido, por sua revogação. Foi a derrota santista e dos municípios do país que nunca mais souberam o que era Autonomia, apesar de serem os únicos territórios reais, usurpados de seu poder. Ela dava direito de voto às mulheres e criava a revogação de mandatos pelo povo, o que se busca até hoje 115 anos depois.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ATÉ LOBATO MUDOU DE NOME!

Paulo Matos 

A 18 de abril de 1882 em Taubaté, Estado de São Paulo, nasce um personagem histórico – e determinante para o Brasil – que mudou de nome: era o filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Augusta Monteiro Lobato.

Este Lobato recebe o nome de José Renato Monteiro Lobato, que por decisão própria modifica mais tarde para José Bento Monteiro Lobato - desejando usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J. B. M. L. Veja você, Lobato mudou de nome, o notável escritor e empresário brasileiro, incentivador da exploração do petróleo nacional.

Lá se vão 52 anos desde que Monteiro Lobato nos deixou em 1948, registrados em quatro de julho. Foi este Juca que introduziria a literatura infantil de raízes brasileiras no país, que resgataria o petróleo latente e inedescoberto no solo pátrio, exemplo de atuação e patriotismo – que, aliás, era o nome da cidade, por coincidência, em que se descobriu o petróleo pelo que ele tanto lutou.

No colégio funda vários jornais, escrevendo sob pseudônimo. Aos 18 anos entra para a Faculdade de Direito por imposição do avô, pois preferia a Escola de Belas-Artes. Em 1904 diploma-se Bacharel em Direito, em maio de 1907 é nomeado promotor em Areias, casando-se no ano seguinte com Maria Pureza da Natividade (Purezinha), com quem teve os filhos Edgar, Guilherme, Marta e Rute.

Lobato teve como tutor o avô Visconde de Tremembé, pois os pais morreram quando ele era adolescente. Denunciou as queimadas em 1914 e criou o Jeca Tatu, símbolo do caipira abandonado ao seu atraso e miséria pelo governo, escrevendo no jornal O Estado de São Paulo. Dono da maior editora de livros do país, que faliu na crise energética e nos conflitos com o Presidente Artur Bernardes, foi adido comercial em Nova Iorque, de 1927 a 1931 - de onde voltou disposto a investir na produção de ferro e petróleo. Para ele, o único caminho para transformar o Brasil em potência.

Lobato percorreu o País falando ao povo e descobrindo petróleo, mas esbarrava na influência dos estrangeiros que insistiam em negá-lo. Defensor da exploração brasileira dos minérios, atacou em carta a política brasileira no setor, com graves acusações ao presidente, motivo pelo qual foi preso em 1941. Logo deixou de escrever para os adultos e voltou-se ao público infantil, com igual genialidade.

Autor dos livros “Cidades Mortas” (1919), “As reinações de Narizinho” (1931), “Emília no país da gramática” (1934) e “A chave do tamanho” (1942), denunciou a cobiça internacional do petróleo brasileiro em “O escândalo do petróleo e do ferro”, em 1936, que explica sua luta para afirmação do petróleo brasileiro, que venceu com a fundação da Petrobrás em 1954.

Foi em 22 de janeiro de 1939 que o petróleo anunciado por Lobato brotou de madrugada, depois de interrompida a prospecção, na cidade de Lobato, na Bahia, em incrível coincidência. São violentas as revelações e demonstrações do livro “O escândalo do petróleo e do ferro”, relato da luta de dez anos a que ele deu sua vida e da qual saiu arrasado, porém vencedor.

Editado em 1936, teve como subtítulo “Depoimentos apresentados à comissão de inquérito sobre o petróleo”, narrando as manobras da Standard Oil Company para dominar o setor, na luta entre Inglaterra e Estados Unidos para dominá-lo, seiva da vida moderna que se provou. Lobato conta seus mártires, os que ousaram descobrir o petróleo em terras brasileiras, como o alemão Bach, em 1918, “afogado” dias depois de proclamá-lo. Ou o “suicídio” de Pinto Martins, que seguiu suas descobertas, entre outros narrados na obra deste que antecipou verdades.

Contista, sociólogo, romancista, contador de histórias infantis, foi o economista prático que defendeu os grandes interesses nacionais. Não se limitou a propor e defender, mas colocou mãos à obra, tornou-se capitão de indústria, vítima do poder das nações imperiais. Mas ele mudou de nome, veja você, por causa da bengala.

terça-feira, 24 de maio de 2011

CORAGEM E AMOR DE MUDAR

Paulo Matos

A música é de Taiguara, cantor suave de anos passados, que revela a essência da mudança para elevação e promoção das relações humanas. É romântico como mudar de nome, de atitude, de visão ativa e passiva diante do universo e dos desafios pessoais, que envolvem os profissionais, o estudo e a própria presença na sociedade que altera seu significado com o nome que você ostenta. De nada adianta sua coragem, obstinação, firmeza, disposição, estudo, preparo, inteligência e tudo o mais que o mundo exige se um detalhe – e neste caso em enorme detalhe – encobrir tudo – e este pode ser seu nome.

Mudou
Mudou o tempo e o que eu sonhei pra nós
Mudou a vida, o vento, a minha voz
Mudou a rua em que eu te conheci
Mudou
A ilusão da paz do nosso amor
Mudei as rimas do meu verso cru
E o sol mudou de cor meu corpo nu.

A canção romântica revela os mais profundos âmagos da alma humana e sua carga para vencer desafios, que tem que ser aliviada a cada ano que passa na medida exata de tua resistência e valentia. Quando se é jovem, se forte não é difícil socar os que te irritam e se fores forte menos pessoas terão esta coragem. Se faço, estas zombarias serão constantes e reiteradas. Mas de qualquer forma, teu coração não resistirá tanto tempo quanto o resto de teu corpo se submetido a desafios reiterados e de tanta carga não tardará em explodir. E quando ocorrer esta desdita, quando tantos dependerão de ti, que tu não significarás apenas a si mesmo, mas para muitos, sentirás que não poderás faltar sem deixar um enorme rombo onde passaste. Poucos vão identificar as causas de tua ida: “Morreu por causa do nome”. Ninguém saberá o quanto sofreste diante da que título que carregas já com rodinhas, pois já não agüentas sustentá-lo nos ombros e ficas até contente quando te dão um apelido, na esperança que esqueçam que tens aquele nome que nunca gostaste.

Mudou
O impulso aflito de dizer que não
A lua é nova e a nova informação
Muda meu céu e vai mudar meu chão
A terra ardeu e o céu desmoronou
E há o que fazer e a flor não me ensinou
E há o que saber e o sonho não mostrou

Tua obra, teus filhos, teus amigos, tudo se esvanecerá diante de tudo ausência, pois que eras o elo de união entre eles, solda magnífica que rompeu os laços diante de falta de amor a ti mesmo e ao teu nome. Um nome que agora podes mudar, alterar, antecipar tua felicidade em uma nova imagem – na grande obra que fizeste por ti mesmo (na companhia do Dr. Gerson Martins, o cirurgião plástico da imagem).

Mudou
E vai mudar enquanto eu não morrer
E vai mudar pro amor sobreviver
Vê se me entende eu mesmo não mudei
Eu sou o mesmo livro, podes ler

Eu sou o mesmo livre pra dizer:
Que eu amo ainda
Que eu quero ainda
Te espero ainda
Pro amor!

Tua missão apenas se inicia, aos 15, aos 20, aos 30, aos 40 anos. Quanto mais aos 50 ou 60, quando se completa o aprendizado da vida e se tem a experiência dos erros e acertos. Você é o mesmo livre para dizer que ama ainda e quer ainda sem as cargas que tiveste a sensação de carregar pelos anos afora com prejuízos em virtude de teu nome feio e com que convives mal. Brinda o mundo com o rosto e seu título escolhido.

Agora poderás, como canta Taiguara em outra canção, trazer que queres para ti e programar o amor em seus computadores, construir o que deixaste para trás porque te diminuía aquele nome, agora que tens o que sempre sonhaste. Teus lírios vão curar tuas feridas. Nem cérebros nem máquinas conseguirão fazer igual. Ninguém mais agredirá tua lira...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

TRATAMENTO PREVENTIVO DO NOME

Paulo Matos

Não precisa ser médico da área de Saúde Pública ou sanitarista para perceber os benefícios da saúde preventiva, para evitar os danos e seus nefastos resultados. As crianças necessitam proteção, os adultos tratamentos de seus males. Os primeiros tem que ser levados por nós - ao vá dizer ao seu filho “procure um médico” ou “procure um advogado”. Mas eles atingem a todos, estes males que, em número crescente, crescem conosco e não raro duram quase um século, causando sofrimento disfarçado de bom humor. É como as pessoas fazem quando 10 em cada 10 riem e zombam de seu nome, fazem perguntas, ironizam, fazem brincadeiras que aborrecem pensando ser originais: “Esta eu ouvi em 1946, logo depois da Guerra Mundial...”, pensa você.

Os nomes, como as doenças físicas, causam danos somáticos, mentais, que influenciam no seu bem estar, na sua vontade em sair à rua, de almoçar em restaurantes, em frequentar ambientes sociais - prejudicando a formação dos pequenos. Tudo para evitar aquilo que você teme, que são as estúpidas brincadeiras com seu nome: “Olha ele ai, o...” e ai vem as deformações que divertem a sala, menos você.

Quem vai agüentar as pressões são os médicos ortopedistas, generalistas, psiquiatras, são as nutricionistas e os médicos de estômago, rins, intestinos e todo o resto. É onde vai arrebentar nossa frustração pelo comportamento coletivo que julgamos sempre imutável. É o nome feio, que no caso é você mesmo, se incorpora e assume sua cara. E dá-lhe fisioterapeutas, cardiologistas, psicólogos, até que você descubra que o problema está dentro de você e na preguiça que você tem em procurar auxílio especializado (Dr. Gerson Martins). Ele já tirou muita gente do braço dos médicos e medicamentos para lançar em um novo mundo MUDANDO-LHES O NOME.

E o que é o nome feio? É aquele que seus pais, no entusiasmo de seu nascimento, pararam de refletir logicamente e deram os nomes mais estrambóticos para seus filhos, que vão amargar-lhes por toda a existência como dissemos acima. Já contei sobre o menino cujo sobrenome era “Gay”, alegre, do inglês.  Imagine o que ele sentia na escola, no grupo de amigos, na rua, nos primeiros empregos. Seus pais, compreendendo a questão, levaram-lhe ao advogado que retirou esta parte do nome como em uma operação cirúrgica – e o mundo mudou para ele. É simples.

Em uma época de predominância dos rótulos e dos títulos, esta proteção aos seus filhos é justa e necessária, como levá-lo ao médico. Não deixe esta questão passar como brincadeira, pois que é extremamente séria. Um nome feio pode ser mais grave do que inúmeras doenças físicas curáveis – mais fácil se livrar delas do que do nome. Ouça os pequenos e procure uma operação de mudança, de nome.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O NOME DA ROSA

Paulo Matos

O autor e semiólogo italiano Umberto Eco insere uma frase de Willian Shakespeare no seu livro “O nome da Rosa”, Shakespeare o bardo que dentro de sua imensa criação literária, reserva uma pérola inserida neste que fizeram o filme “O nome da Rosa” - retratada no filme interpretado na tela pelo ator Sean Connery, lançado em 1986 sob a direção de Jean-Jacques Annaud. A certa altura, quando o jovem que acompanhava Willian de Baskerville, o investigador dos crimes no mosteiro, se apaixonara por uma jovem que o freqüentava e com quem tivera um efêmero, mas intenso relacionamento se despede dela sem perguntar-lhe o nome – do que se queixa ao chefe. O personagem de Sean Connery então pergunta a ele: “Tivesse a rosa outro nome seria outro seu perfume?”. Na pauta, a questão do nome. Não ousaria contestar Shakespeare, autor original da frase usada por Eco, mas ela não cabe mais no contexto. 

A Rosa teria outro perfume hoje, sim, dadas suas condições essenciais. A realidade é dura e anti-romântica, mas é factual. O livro conta um episódio que transcorre em um mosteiro em 1327 no norte da Itália, durante a Idade Média. Quando chega ao misterioso mosteiro encravado nas montanhas William de Baskerville (Sean Connery), monge franciscano. Adso Von Melk (Christian Slater) é o noviço que o acompanha, com a função de investigar uma série de estranhas mortes que passam a ocorrer. Sean é Sherlock Holmes e seu companheiro Adso é Watson, na brincadeira de Eco. Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume. (William Shakespeare)

Bela, a frase de Shakespeare integrada maravilhosamente por Eco, é do século XIV, não do XXI. Ela comenta a última semana de novembro de 1327, quando em um mosteiro da Itália medieval, ocorre a morte, em circunstâncias insólitas, de sete monges em sete dias e noites. Este é o motor responsável pelo desenvolvimento da ação. Na forma de uma crítica, as violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos do século XIV, a luta contra a mistificação, o poder, o esvaziamento dos valores pela demagogia, constroem uma reconstituição livre e distante dos reais fatos históricos da época aos olhos dos espectadores. O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem. (Shakespeare)

O que sugere ser um simples texto sobre um período histórico, da Inquisição Católica (quando botavam fogo em pessoas classificada como hereges, que se desviavam do catolicismo, na luta contra o protestantismo), na verdade é uma tese transformada em romance. A ciência contra a fé. Recusava-se o raciocínio e a inteligência em favor da dominação religiosa do período.

Eram mortos todos os religiosos – jogados do alto do castelo onde ficava no mosteiro, que tinham acesso à biblioteca - em que textos escritos revelavam uma igreja que se abria ao humor, o que desacreditava a sua tese central ou era o medo, base de sua crença. E, portanto, na visão dos antigos padres, tinham que morrer.

Nesse quadro, a frase de Shakespeare usada por Eco, no evento final, depois de solucionada a trama pelo lúcido personagem interpretado por Connery, quando vão embora a cavalo ele e o personagem Adso, é uma pérola. Mas reparem, Baskerville é o nome de uma das histórias de Sherlock Holmes e Adso é Watson, seu companheiro, a quem chega a falar “elementar, meu caro Adso”.

Oxalá ainda fosse assim, mas hoje Raimunda não é Rosa, pelo menos por aqui, e precisa ser mudada, como se Adso se chamasse Jovelino. É isso. Seria preciso uma cirurgia plástica do nome (matéria em que se especializou o Dr. Gerson Martins). O resto é romance.

Mas, que é um nome? Se outro nome, tivesse a rosa, em vez de rosa, Deixaria de ser por isso perfumosa? (...) Não, minha bela, nem Montecchio, nem Romeu! Já que o meu nome não te agrada, eu não sou eu! (Do texto de Romeu e Julieta, de Shakespeare, cena II, Pomar dos Capuleto)

terça-feira, 17 de maio de 2011

PAULO, O APÓSTOLO DO SAMBA

 Paulo Matos

Houve uma vez em que, nessa cidade de Santos, um padre católico cumpria por muitos anos uma tarefa histórica: a de alterar e fazer crescer destinos trazendo o brilho à periferia. Ele não precisará nunca mudar de nome, pois o consagrou. Chamava para uma Escola de Samba, fazendo-a campeã da maior festa do mundo que é o carnaval brasileiro, com brilho e lantejoulas, muito som na bateria. Horizontal, com todas as tribos em grande confraternização e entusiasmo coletivo.

Era a ocupação saudável do tempo e da história, construindo memória e graça tanto nos batuques quanto nas danças trabalhadas com esmero em cansativos ensaios. Em maio de 1954 o Padre Paulo Horneaux de Moura Filho, recém ordenado sacerdote, foi indicado pelo Bispo Dom Idílio José Soares para iniciar "um trabalho de nucleação nas Casas Populares da Bacia do Macuco".

Padre Paulo começou a reunir o povo e celebrar a Santa Missa na Praça do Mercado, que servia para abastecer, inicialmente, os construtores do conjunto residencial e, mais tarde, os primeiros moradores. Antes de se construir o templo, havia no local uma quadra de esportes. Foi este o primeiro lugar das celebrações.

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Paulo é uma escola de samba de Santos. A Padre Paulo foi fundada em 27 de agosto de 1974, no Bairro Estuário, e hoje tem sede na Praça Rubens Ferreira Martins. Suas cores são o verde, branco e com detalhes dourados na bandeira. O apóstolo Paulo nunca ousou nem usou destas cores, mas seu estilo naquele conjunto que acompanhava

Isto ocorreu em Santos – e ainda ocorre -, mas o simpático personagem não pôde mais desfilar a frente de suas meninas e meninos pela avenida, porque os titulares da Igreja consideraram imoral as garotas quase despidas que percorriam o asfalto sorrindo e dançando.

Era um feito memorável, que só deixava de ser alegre quando chegava ao final da pista depois de memoráveis cantorias de seu samba-enredo nas arquibancadas, traduzindo o calor e a emoção diante do espetáculo construído, produto do esforço comum, de inimaginável beleza - trazendo arrepios à pele.

Mas proibiram que seu líder e criador saísse à frente da escola, dando exemplos de geração de empregos e atividade econômica, de construção da beleza nas cores verde e branco. Que fez a Escola campeã em 1980, 1982, 1984, 1991, 1997, 2000, 2006 e 2010. Que em 2010 cantava “Paira no ar minha águia guerreira, mostra o teu povo a grande ópera do carnaval”. São tantas... Emoções!

Padre Paulo não mudou e nem pode mudar de nome, referencial de vontade que é de toda uma comunidade, que defende e fez crescer no espírito do carnaval. E este é a dos debaixo imitando os de cima, copiando nas vestes reis, princesas e nobres – o primeiro passo para sua derrubada, primeiro a ironia. Ele faz isso com perfeição, na organização das danças, das fantasias.

Seu nome é uma instituição, que só ele não pode mudar. Mas há aqueles que querem se tornar instituições, fazer um “fake”, como se diz na Internet denominando um perfil falso, que é possível construir. A estes aconselhamos a construção da personalidade desejada, que não é senão a própria personalidade livre das opressões e medos. Para iniciá-la, um nome para o seu perfil. Nós – o Instituto Nacional do Nome - facilitamos esta tarefa. Não haverá um amanhã igual.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A SOCIEDADE SEM NOME

 Paulo Matos

É incrível que nossa sociedade em pleno século XXI ainda não atente e não enfrente com inteligência a questão substancial do modelo que escolheu que é a questão do nome.

Do sobrenome é recente, séculos XVI e XVII, quando a necessidade de identificação das pessoas que se multiplicavam e se confundiam restou necessária, movimentando-se então suas profissões e características físicas para denominarem-se – entre outras raízes como alteração dos sobrenomes seculares e familiares dos judeus tornados cristãos novos, perseguidos em função da etnia. Ou a simples adoção o nome dos patrões, como fizeram escravos e tanta gente.

Mas em uma época de pleno individualismo e da ascensão profissional dos seres por sua afirmação pessoal, as pessoas se preparam na vida para desempenhar funções e nelas precisam afirmar-se e definir-se. Não basta a casualidade. Meu nome é esse, fazer o que... Não, não: se será um grande borracheiro, um grande criador de galinhas, um grande dentista ou advogado, não importa a diferença, desde que se afirme esta condição no nome, isto o auxiliará.

Podem ser criadores de coelho e para isso estudam a história dos grandes criadores, suas técnicas, a melhor culinária “coelhal”, roupas a utilizar, tudo para o bem estar dos animais – mas, mais do que tudo, a identidade para ser reconhecido como tal. É a profissão da plaqueta, do símbolo, da identidade, da marca. É o logo, a ideia, onde está um está outro, associação.

Na sociedade gregária, coletiva, submetida ao senso comum necessário em que ninguém vive sozinho e tudo ou quase é coletivo, é necessário ser relacionado na tarefa escolhida. Seja o escolhido a partir da Lista Telefônica. Cada um faz alguma coisa coletiva e pronto. E isso tem que ter nome. Há de ser sonoro, modernamente curto e incisivo, ter boa carga simbólica talvez, mas principalmente intrínseca, forte, marcante. E trazer este nome do berço, escolhido na emoção do nascimento do ser, é duro.

De Vaney, um dos mais brilhantes críticos esportivos do jornalismo brasileiro de outrora, originalmente Adriano Neiva da Mota e Silva, foi um dos primeiros a ver a importância da construção do nome e fez um anagrama, desse nome extenso e valoroso – e polêmico – fez “De Vaney”, que se tornaria lendário. Dizia ele que “as palavras têm peso”. Os sinônimos não são iguais, são similares, sim, mas diferenciados na sua substância, formação. Diria Luiz Carlos Sampaio, engenheiro e sociólogo já falecido, que basta uma alteração nominal ou adverbial e tudo muda.

A ideia tem que ser gravada na transmissão ou não persiste nem insiste, não marca presença, passa batida pela memória se não tiver associação nem ligação ideológica com a atividade. E definida ou planejada esta, você pode e deve sim adotar o nome desejado para seu vôo, sua empreitada, o elo principal entre você e o que faz que será a razão e sua vida.

Não é porque você é João que tem que cuidar de pão, mas será difícil armar-se como cientista titulado José, Zé das Couves, Manoel das Batatas. Conheço alguém que tem um sobrenome inglês, Paul, que assim pronunciam e pensam os demais, mesmo por sua formação profissional e atuação intelectual.

Mas pessoa culta e sem falsas projeções, quando indagada responde na lata que não é o “Paul” inglês do economista Paul Singer nem do artista da música Billy Paul ou do ator e diretor de cinema norte americano Paul Newman. Do integrante dos Beatles Paul Mc Cartney ou do pintor impressionista francês Paul Gauguin – ou mesmo do filósofo existencialista Jean Paul Sartre, o “papa de 1968”.

O seu “Paul” era mesmo de “Paúl”, chiqueiro, como identificavam seu avô em uma época dos sem-sobrenome e que os adotaram. Então ela ficou com este sobrenome, que em uma sociedade de imagens de nossa época certamente nunca pensou em traduzir à raiz, pois que seria evoluir e não o contrário, como o Dr. Gerson Martins propõe a todos – pois o nome é o mais importante dos elementos constituintes da personalidade e da pré-personalidade, ajudando a construir a imagem antecipada dos seres.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

“deram-me um nome deram-me pertence-me” (Xavier Zarco)

Lane Valiengo

deram-me um nome deram-me pertence-me
mas pertence-me
não por me terem dado
mas porque eu o fiz

o nome que me deram
e que me pertence
não corresponde ao nome a que o rosto
este visível rosto responde
virando-se
quando algo escuta

é outro o nome
de essência diversa

aliás o rosto é como uma pedra
exposta aos elementos
sujeita à erosão no tempo
e com o tempo
em constante mutação

nome e rosto
aqueles que aprendemos como nome
e rosto
têm um templo
este corpo
onde coabitam
para o olhar do outro
um templo que se consome
a si mesmo

mas o nome prevalece
como um deus sereno
nunca sentido
definido ou nomeado
e por isso puro
um deus sem templo
essencial.



          Xavier Zarco é o pseudônimo literário de Pedro Manuel Martins Baptista, nascido em 4 de outubro de 1968 em Coimbra, Portugal. Seu 28º livro, Sonho de Benta de Aguiar seguido de Fragmentos de Hipocrene, foi lançado no Brasil em março de 2011, pela RG Editores, dentro da Coleção Alumbramento, dirigida pelo também poeta Álvaro Alves de Faria.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

OS NOMES DO DEMÔNIO NA OBRA DE GUIMARÃES ROSA

Lane Valiengo

                   Vamos falar  sério: Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, é provavelmente o livro mais importante da literatura brasileira. Ao lado da sua linguagem revolucionária, da sua criatividade superlativa e da imensa erudição que emana, oferece diversas camadas de conhecimento. São símbolos ocultos sobre as palavras, são conexões filosóficas que surgem, são  significados esotéricos que se revelam de surpresa.

                   As várias formas de dizer uma mesma coisa revelam o profundo conhecimento linguístico e uma extrema habilidade em combinar elementos diversos, criando estruturas surpreendentes, cheias de novos significados. 

                   Além de seu objeto principal, que é o aparentemente impossível amor entre dois jagunços, Grande Sertão apresenta como um de seus subtextos o provável pacto -ou não- de Riobaldo, personagem principal, com o Diabo. E é exatamente aqui que surge, no livro, um dos aspectos mais saborosos. Edições mais antigas da obra encontradas em sebos trazem, muitas vezes, anotações à lápis nas margens, relacionando as palavras que Guimarães Rosa usa para se referir ao Diabo. Ou melhor, os nomes pelos quais o escritor chama o Coisa Ruim.

                   Os exemplos são muitos, profusos, e atravessam as muitas páginas da obra: o Arrenegado, o Cão, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé-de-Pato, o Sujo, o Homem, o Tisnado, o Coxo, o Temba, o Azarape, o Coisa Ruim, o Diá, o Dito Cujo, o Mafarro, o Pé-Preto, o Canho, o Duba-Dubá, o Rapaz, o Tristonho, o Não-Sei-Que-Diga,  O -Que-Nunca-Se-Ri, o Sem-Gracejos, o Muito-Sério, o Sempre-Sério, o  Austero, o Severo-Mor, o Romãozinho, o Rapaz,  Dião, Dianho, Diogo, o Pai-da-Mentira, o Pai-do-Mal, o Maligno, o Tendeiro, o Mafarro, o Manfarri, o Capeta, o Capiroto, o Das Trevas, o Pé-de-Pato, o Bode-Preto, o Morcego, o Xu, o Dê, o Dado, o Danado, o Danador, o Dia, o Diacho, o Rei-Diabo, Demonião, Barzabu, Lúcifer, Satanás, Satanazin, Satanão, o Dos-Fins, o Solto-Eu, o Outro, o Ele, o  O, o Oculto... e muito mais!

         A maioria dos termos não é propriamente um nome. Mas Guimarães Rosa foi um mestre em criar nomes para personagens dos mais diversos. Literalmente, dava nome aos bois e às galinhas também... Através do exagero, destacava as características e personalidades de cada um. Afinal, para ele, o mundo existia como  linguagem, assim como o mundo era a própria linguagem. As palavras tinham vida, de verdade.

         “O Senhor vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa existir para haver- a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo”.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Coca-Cola despenca na lista das marcas mais valiosas

Lane Valiengo

         A lista de 2011 dos nomes comerciais (marcas) mais valiosos do mundo, elaborada pela Brand Finance, apresenta uma grande surpresa: a Coca-Cola despencou do terceiro para o décimo-sexto lugar, valendo US$ 25,8 bilhões.
         Anteriormente, a Coca-Cola ficou em primeiro lugar durante dez anos seguidos. Para outras consultoras, como a Interbrand, no ano passado a produtora de refrigerantes continuava em primeiro-lugar.
         Mas o mundo está mudando e as empresas de tecnologia e telecomunicações ocupam os principais postos atualmente. O Google foi considerada a marca mais valiosa do universo (US$ 44,3 bilhões), seguindo-se Microsoft, Walmart, IBM e Vodafone.
         A relação das vinte marcas mais valiosas prossegue com Bank of America, General Eletric, Apple, Wells Fargo, AT&T, HSBC, Verizon, HP, Toyota, Santander, Coca-Cola, McDonald`s, Samsumg, Tesco e Mercedes Benz.
         O levantamento da Brand Finance aponta que as marcas de empresas brasileiras melhor colocadas são Bradesco (28ª), Itaú (41ª) e Banco do Brasil (95ª). A Petrobrás aparece em 106º lugar.
         A notável queda da Coca-Cola, segundo analistas, se daria em razão da estagnação da marca, que estaria perdendo mercado para produtos mais saudáveis.
         O cálculo é feito por intermédio de 35 indicadores, que vão desde a receita do negócio até o atendimento ao cliente, até questões éticas de responsabilidade socioambiental.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Você conhece a Autenticada? E a Fotocópia? Elas são irmãs do Xerox...

Lane Valiengo

                   Quem gostaria de receber um nome como “Autenticada”?
                  
                   Pois bem: tem gente que gosta...
                  
                   Reportagem do jornal O Estado de São Paulo, publicada em 13 de março de 2011 conta a história de uma família de Recife em que o pai, Miguel Porfírio, pôs o nome de seu primeiro filho do segundo casamento de Xerox Miguel Porfírio, há 36 anos. Autenticada Miguel Porfírio nasceu quatro anos mais tarde e Fotocópia Miguel Porfírio veio após nove anos.

                   Miguel, o pai, faleceu no último 11 de fevereiro. A ideia dos nomes nasceu de um cartaz em um cartório, oferecendo serviços de copiadora.

                   De herança, deixou o estranho gosto por nomes, digamos, no mínimo exóticos.

                   Segundo a reportagem, Autenticada gosta de ter o nome que tem e defende a escolha do pai. Diz que não tem traumas a respeito. Jornalista por formação e cantora gospel, ela afirma que o nome “diferente” abriu muitas portas na sua vida e que recebeu muitos convites exatamente por causa do nome.

                   Para completar, Xerox batizou seu filho de.... “Carimbo”! Ele tem também duas filhas: Shequira e Sherlaine. E para provar que coerência  pode ser também uma questão de DNA, o filho mais velho de Miguel Porfírio, Roque, batizou sua filha de Autêntica Valeska.