sexta-feira, 4 de março de 2011

NOME E RELATIVIDADE

Paulo Matos

Amigo meu radicado nos Estados Unidos, onde é pintor de destaque, tem o nome de “Deladier”, um ídolo em sua época. Ele iria, general que era, negociar com Hitler e manter incólume a França, o que, se viu, não deu certo.

O país foi ocupado, humilhado e submetido pelos alemães, que incorporaram as determinações do “Fuher” e fizeram barbaridades melhor que a encomenda. Deladier foi execrado. E ficou como Hess para os alemães, pois este fugiu em um avião para tentar negociar com o premiê inglês Winston Churchill. Morreu na cadeia e em seu país ficou com fama de traidor.

Diante disso, verificamos que a possibilidade de mudar de nome é mais importante do que colocar o nome “da hora” ou “do local”. Conhecemos a tragédia da Raimunda, que no nordeste era um sucesso, mas aqui , no sul não pegava bem. 

Isto atualmente, quando o nordeste ficou pobre, não quando era o rico centro do açúcar que alimentou as fortunas paulistas. Como diria Einstein, tudo é relativo. E muda a cada momento, a cada hora.

O nome pessoal vai influenciar sua vida no futuro? Claro e cada vez mais, no avanço dos símbolos, que tem que ser claros, belos, sonoros e geradores de confiança. Ninguém acredita no Zé – e é o nome mais disseminado. 

Trazer nomes de novelas e de artistas é apostar no efêmero, nomenclaturas que breve não significarão mais nada. Apostar em nomes históricos depende muito, lembremo-nos do general francês Deladier. E o que dizer dos nomes Hitler, Mussolini, Stalin? Em seu tempo eram cultuados. Hoje são execrados.

Logo, o grande patrimônio é a capacidade de descobrir a importância do nome a coragem para mudá-lo. Para isso, existe o Instituto Nacional do Nome, dos nomes, que representa a modernidade neste campo da importância da identidade pessoal, do nome, na construção de relações negociais e afetivas, decisivas, estruturadas a partir de um nome sonoro, lindo.

Estrangeirismos são quase sempre ridículos, pois comprovam o afastamento do universo circundante identificado com o portador. Personagens bíblicos tem sido a maior parte das escolhas, para não errar e poder identificar a origem.

Calabar, que ficou para a história como traidor, pois ajudou os holandeses que invadiram o Brasil. Um conceito histórico que está sendo revisto (o domínio português era muito pior), mas Calabar é traidor e pronto. Quem assume este nome? Ou Judas? 

O Evangelho recém descoberto conta que ele era o melhor amigo de Cristo, revertendo tudo o que se disse sobre ele. Mas vai se chamar Judas...

Personagens literários são sempre uma boa escolha ,dependendo do romance. Trazer o nome dos pais e avós é sempre uma boa opção. Mas boa mesmo é a perspectiva de que eles podem ser mudados, até como opção. Depende, tudo é relativo. 

Escolha o nome, não imite, procure afirmação pessoal do portador – sua receita de sucesso. E tenha sempre em mente sua importância e a possibilidade de mudá-lo.

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