segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

NOMES FEIOS


Paulo Matos

 Não, não são palavrões estes nomes feios a que se refere o título, embora acabem sendo, tem o mesmo impacto. A cada citação, no consultório, na escola, no atendimento público os comentários desairosos são inevitáveis. Conheci um senhor chamado Corálio e a associação com o membro viril era evidente, brincadeiras a farta. Humor para uns, sofrimento para o portador, obrigado a rir junto mesmo quando está em baixo astral.

Há o momento de suportar estas brincadeiras, de curtir junto, mas isto tem um limite. Dura apenas a vida inteira esta pressão. Merecia mudar. Agora pode: o Instituto Nacional do Nome registra sucessos nos processos, ganhos em primeira ou segunda instância.
E há centenas de histórias curiosas, intrigantes, dramáticas. Antigamente eram nomes corriqueiros, mas hoje estes mesmos nomes são risíveis, ridículos, calamitosos. Quem não lembra a campanha da camisinha que denominou “Bráulio” o membro viril?
Os Bráulios protestaram e a campanha saiu do ar em apenas alguns dias, mas a projeção alcançada pelo tempo que ficou no ar bastou. Foi apenas uma campanha televisiva e radiofônica, mas de efeitos devastadores sobre os Bráulios, motivo de jocosidade em todo o país e durante todo o tempo, em todos os ambientes. ”E aí, Bráulio?” “Já está de pé, Bráulio?”
Um caso narrado pelo advogado Gerson Martins, cujo nome completo é José Gerson Martins Pinto, lembra  uma batalha travada no registro de seus sobrinhos, na época a sobrinha, cujos pais não desejavam ter um “Pinto” no nome. Isso foi há 30 anos. Era o início da sustentação ideal do trabalho que hoje desenvolvem os juristas e o Instituto Nacional do Nome.
Foi uma briga histórica com o chefe do cartório e Registro Civil Ricardo Pinto de Oliveira, que não aceitava a exclusão do “Pinto” do nome dela. Uma luta afinal vencida no Tribunal de Justiça de São Paulo, em segunda instância, em que foi eleito presidente ninguém menos que o Desembargador Gentil Carmo Pinto, que deu ganho de causa à menor, que hoje se chama Michele Martins, apenas, sem o “Pinto”. 
Houve quem dissesse que essa mudança de nome é meramente plástica, sem importância, irrelevante. É claro que quem fala isso não se chama por nomes como  Abecê Nogueira, Abrina Décima Nona Caçapava de Almeida, Acheropita Papazone, Adam Borda Bunda, Adegesto Pataca, Adolpho Hitler de Oliveira, um homem chamado Adoração Arabites,  outro Aeronauta Barata e Agrícola Beterraba Carneiro Leão.
Esses foram nomes registrados em cartório, (site http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?t=235346&page=5), o que pode ser confirmado. Aqueles que entenderam irrelevantes, se o tivessem, qualquer deles, certamente sua opinião seria outra, o peso do nome sobrecarregaria sua vida no estudo, no trabalho, na atividade social. Imagine qualquer um destes, candidato a alguma coisa em qualquer lugar. Seria rechaçado pelo nome.
Essas nem a senhora Analgesina conseguiria tirar a dor, aliás, Analgesina Costa Pinto, conforme registro. Nenhum Antonio, nem o Antonio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado, nem o Antonio Melhorança ou o Antonio Morrendo das Dores, comprovados no mesmo site, dariam jeito. Vale ou não a pena mudar? Ou vai apelar para o Cavalo Antonio (mesmo site)?

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